sábado, 9 de agosto de 2008

Pigs on the wing


Os animais andam todos à solta em Bolama. Vacas, porcos, cabras, ovelhas e galinhas, todos gozam de plena liberdade. Chega ao ponto de até da nossa própria casa sair de vez em quando uma cabra (quadrúpede), e de o nosso quintal ser habitualmente frequentado por porcos (idem). A ideia é bastante simples: como ninguém tem o que dar de comer aos animais, eles que procurem o seu próprio alimento. Há que dizê-lo, a verdade é que encontram. Isso e entretenimento, que os porcos não se intimidam com nada quando alegremente chafurdam nas poças da estrada. Pensando nisto, intrigou-me de princípio como é que cada proprietário saberia quais daqueles animais eram seus. Sim, dentro da mesma espécie, são todos bastante parecidos, fica difícil. Na pesquisa da solução, dei com alguns regulamentos interessantes, auto-impostos pela própria população, a saber:

- os animais devem ter uma pequena marca que os identifique (em alguns é notória, na maior parte não me apercebo);
- as hortas devem estar vedadas, de forma a que os animais não entrem;
- se algum animal entrar numa horta vedada, o dono da horta pode abatê-lo, devendo depois comunicar ao dono do animal o sucedido; ainda assim, não o pode comer, por força do ponto seguinte;
- se alguém matar furtivamente um animal alheio, fica sujeito a feitiçaria, que assegurará, à falta de sistema judicial, que o criminoso se envenene na própria presa; o mais interessante disto é que, assim, nem é preciso identificá-lo.

Parece que não há roubo de animais em Bolama. A auto-regulamentação associada à feitiçaria, verdadeira garantia de paz social.

Saldo deste texto: menos 15 mosquitos em África.

1 comentário:

ASP disse...

Você tem um senso de humor insuperável!!!!
Encontrei o blog por acaso e ja li quase todos os posts.
Meus parabens pela sua iniciatia e pela vontade de ajudar.
Agradeço em nome dos 'guiguis'.

Continue a escrever!!!