Estava na praia de Ambâncana, na ilha das Galinhas (a oeste de Bolama), em frente ao nosso acampamento, num banho ao pôr-do-sol como só África pode proporcionar. Isto porque a maré cheia – única altura em que se pode navegar e tomar banhos de mar – coincidiu com o pôr-do-sol. Enfim, uma boa compensação pelo dia extenuante de consultas. Três miúdos, sentados comigo na rebentação a atirar pedrinhas para contar os saltos das mesmas na água, começaram a perguntar coisas sobre Portugal. Peixe, em Kriol, diz-se pice, e existe cá uma variante do peixe-aranha (suponho que seja, não sei ao certo) que eles chamam peixe-areia, que causa o mesmo tipo de feridas que o primeiro
- “No Portugal tem pice-areia”?
Baralhado com a velocidade da pergunta e o Kriol usado (tenho sempre dificuldade em entender o que dizem as crianças estrangeiras), fiz uma tentativa de compreensão:
- “Sereias?”
- “Sim, sim!”
- “Sereias no Portugal??”
- “Tem?”
- “Bom, como é que eu vou explicar isto...”
Sem comentários:
Enviar um comentário