O nosso encontro não durou mais que um segundo, eu não cheguei a vê-la, mas causou inesquecível impressão. Corria eu atrás de um miúdo de 5 anos que tinha medo de brancos, quando me tocou o pescoço como um dardo, fazendo-me cambalear e errar o percurso. Em poucos segundos, a sensação configurava uma espada ferrugenta de dois gumes mal amolados a descer-me o pescoço, lentamente caminhando para o ombro, que me deixava incapaz de mobilizar a cabeça e o pensamento para qualquer outra coisa. A pele, num perfeito anacronismo, só agora levantava o alvo à volta das marcas do toque, branco no centro e vermelho por fora, como se empurrada por aquele veneno que agora me invadia e rapidamente se espalhava. De repente uma tosse discreta, um sino a tocar na mente:
- “Temos hidrocortisona, Diana? Temos adrenalina?”
A tosse – obviamente – deve ter sido apenas somatização de médico, o temido edema da glote e a eventualidade da morte em asfixia ficaram longe. Mesmo assim, dei comigo no meio do mato a pensar na estupidez de morrer assim. A dor, essa, ficou impregnada na minha memória (e longas horas no meu pescoço), e na plenitude me fez compreender o acutilante significado de um belíssimo termo inglês: excruciating.
- “Temos hidrocortisona, Diana? Temos adrenalina?”
A tosse – obviamente – deve ter sido apenas somatização de médico, o temido edema da glote e a eventualidade da morte em asfixia ficaram longe. Mesmo assim, dei comigo no meio do mato a pensar na estupidez de morrer assim. A dor, essa, ficou impregnada na minha memória (e longas horas no meu pescoço), e na plenitude me fez compreender o acutilante significado de um belíssimo termo inglês: excruciating.
2 comentários:
Caro Confrade
Mas afnal o que o picou?
Espero que continue a divertir-se por aí!
Abraços, Inês e DaNIEL
Que cena horrível... Nem consigo imaginar o susto- ainda bem que foi só susto!!!
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