Na tentativa de regressar a Bolama no próprio dia, chegámos já quase de noite ao canal que separa São João da ilha, depois de quase 100 consultas. Para desmotivação geral, o Bouli já tinha partido na última travessia do dia, pelo que teríamos que inventar outra coisa. Sentados a ver Bolama do outro lado e a pensar no que fazer, avistámos a piroga do Bouli a regressar a golpes de remo perdidos na corrente, ainda com os passageiros todos bordo, a rasar a deriva. Com a corrente da maré vazia falharam o cais da partida por uma centena de metros, mas a terra firme chegaram. O motor tinha-se constipado com a água que entrou no depósito de combustível, facto de estranhar, numa canoa escavada em peça única num tronco de embondeiro, que mete água em tal permanência que existe um “funcionário” só para tirar água durante o percurso, bomba de extracção a aroz e mafé. Fomos desencantar outro motor e outro depósito dentro da Tabanka de São João, e assistimos de bancada à montagem dos mesmos. Para alegria dos presentes, o motor pegou ao segundo ou terceiro puxão, e o embarque recomeçou. Já de noite passei a mochila e as duas galinhas penduradas pelos pés, e um dos quase-náufragos da primeira viagem ligou um rádio, de onde fluiu um feliz e apropriado Bob Marley: iluminados pela lua cheia que surgia entre as nuvens, debaixo da chuva miúda que agora começava, seguimos exaustos na direcção das ténues luzes de Bolama, “singing don’t worry about a thing/ ‘cause every little thing/is gonna be alright...”...
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2 comentários:
Bem depois de ir acompanhando todas as tuas historias contadas no blog, pergunto-me:
Não há mais nada para se suceder em Bijagós??? ;) lolol
São histórias do arco da velha! Continua a contá-las!
Bjin bjin
ha com cada uma não?! musica certa no momento certo...como dirias...cum catano!!!
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