sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Açorianos na Guiné

O Tio Alfa – já o disse – foi combatente pelo exército português na Guerra Colonial (tema que, sem o ter vivido, me é afectiva e naturalmente caro), o que o constitui como óptimo repositório de histórias da nossa armada na Guiné, com a vantagem de mostrar uma perspectiva africana. Pouco tempo depois da minha chegada à Guiné, aquando de uma das minhas incursões no mato com o Mustafá, o Tio Alfa comentou:

- Os Açorianos? Os Açorianos na Guerra eram como os Balantas: não tinham medo do mato - eram guerreiros, e guerreiros bravos... E depois falavam de uma forma diferente, o que ainda metia mais medo. Parecia Português, mas era uma língua diferente, não se percebia nada...

P.S. Sabe a maior parte dos que me lêem que não existe tal coisa como uma pronúncia Açoriana, já que cada ilha tem a sua própria pronúncia. Para quem seja novidade, devo mais uma vez registar que o que os continentais chamam vulgarmente de “Açoriano” corresponde à pronúncia micaelense, da Ilha do Arcanjo São Miguel, onde reside a maior parte da população Açoriana, factor que confundirá o menos atento. Esta foi só pela justiça elementar que aos meus conterrâneos das outras ilhas se deve. E, sim, são várias formas de falar a mesma língua, o bem-amado Português...

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